Resumo da primeira mesa do 3º Seminário Internacional de Reflexão e Análise “Planeta Terra: Movimentos Antissistêmicos”

A primeira mesa, iniciada às 11h com a mediação de Ronald Nigh, traçou um panorama, com os entraves e as perspectivas da luta social neste momento delicado que vivemos, o qual está, como afirmou Jérôme Baschet, “suspenso entre o que já foi e o que virá”. Para Mercedes Olivera, o início do novo ciclo do calendário maia é uma data de “ressurgimento da vida”, com a renovação e o prosseguimento da luta, como demonstraram as marchas silenciosas das bases de apoio zapatistas. O caráter sistêmico da dominação capitalista exige, segundo a professora, uma ampla articulação da resistência, com uma internacionalização da solidariedade – é isso que clama à sociedade civil o silêncio dos zapatistas.

Xóchitl Leyva destacou a disputa política ao redor da interpretação do 13 Baktun e sua apropriação pela indústria do “turismo cultural” e pelo “multiculturalismo neoliberal” do mundo globalizado. Em seguida, recordou os vários calendários em que se insere a mobilização de 21/12 além da tradição maia: o fim do sexênio presidencial e o retorno do PRI ao poder federal, o aniversário do massacre de Acteal, a fundação do EZLN e o levante de 1994, o surgimento da Força de Liberação Nacional e a memória dos levantamentos indígenas do período colonial.

Baschet encerrou a sessão discorrendo sobre as possibilidades de criação e expansão de espaços liberados dentro da sociedade capitalista, espaços de constante combate à dominação que teriam seu maior e talvez mais importante exemplo nos municípios autônomos do território zapatista. O mundo em que vivemos torna-se cada vez mais “insuportável” e a possibilidade de um outro mundo está, segundo ele, na convergência dessa capacidade que temos de “criar e expandir espaços liberados” com a intensificação da crise estrutural do capitalismo e a revolta da Mãe Terra contra a exploração desenfreada dos recursos naturais. Esse outro mundo que queremos – e que estamos construindo, inclusive no próprio seminário – é um mundo de vários mundos, uma sociedade que rompa com a lógica unificadora do capital.

Frederico Ravioli, Luiza Mandetta, Fábio Alkmin e Leonardo Cordeiro.